Assis Ângelo é o cara!

O programa Paiaiá na Conectados está próximo de completar 2 anos na Rádio Conectados.

Fazer um programa de entrevista não é fácil. Desde o primeiro contato até a preparação do roteiro e a execução do programa ao vivo.

Já entrevistei mais de 70 pessoas das mais diversas áreas. Pessoas famosas e pessoas anônimas — nem por isso menos importante. Um aprendizado à parte a cada entrevista. Uma satisfação a cada final de programa.

Hoje, 24/03/2018, tive a honra de entrevistar Assis Ângelo, jornalista e estudioso da cultura popular, acumula vasta experiência nos principais jornais do país.

Cheguei a Assis Ângelo por indicação do jornalista da revista “Veja” Sérgio Martins (a quem agradeço), depois de ler uma matéria para a própria “Veja” feita por este.

O primeiro contato, por telefone, já foi sensacional. Nós nos falamos por quase 40 minutos. Sua voz grave e receptiva e sua indescritível simpatia eram um convite para um bom bate-papo. Falamos de música boa, de cultura nordestina, de grandes autores, de rapadura e de uma amigo em comum, Carlos Silva.

A preparação para a entrevista não foi das mais fáceis. Sua rica e extensa experiência cultural, assim como o seu rico acervo (150 mil) dentro de sua casa, me deixavam confuso para preparar um roteiro de entrevista.

O que colocar? Como organizar? O que fazer? O que falar diante de tanta coisa para falar em uma hora de programa?

O hábito que tenho de dormir pouco me facilita na elaboração de tudo isso. O problema é quando você se “perde” dentro de uma imensidão de cultura que é Assis Ângelo.

Às 12h00, hora de entrar no ar. O trânsito de São Paulo atrasa o convidado em 5 minutos. Enquanto ele entra no estúdio, acompanhado de sua esposa, estou fazendo a abertura do programa.

Até que ele se “ajeite”, é tocada a música “Asa branca”, de Luís Gonzaga, um hino de todos os nordestinos.

Ao colocar os fones de ouvido, é nítida a alegria em sua face. Afinal ele conviveu com a voz de rádio que agora soava em seus ouvidos.

Ao cumprimentá-lo percebi que uma hora seria pouco tempo para me aprofundar em seu vasto conhecimento.

Como diz o poeta/cantador Carlos Sílva: ”Pergunte o que você quiser sobre cultura nordestina a Assis Ângelo que te responderá”.

O roteiro que me dera tanto trabalho para elaborar eu já havia abandonado. Tudo ali era um bate-papo que fluía da forma mais descontraída possível. Suas respostas eram verdadeiras aulas de conhecimento. Discorria com tamanha felicidade sobre datas históricas como se as tivesse anotado em um caderno.

Mesmo que tivesse anotado em algum lugar, um deslocamento de retina fez com que perdesse a visão há 4 anos.

Mas, para ele, a cegueira não é o fim. Deixei para tocar nesse assunto, com sua autorização, no último bloco.

Ele começa a falar da perda de sua visão declamando um poema. Ao lado, sua esposa se emociona, eu, por alguns segundos, fiquei sem palavras, mas por dentro estava me sentindo realizado e emocionado também.

Ele não perdeu o bom humor e muito menos se sentiu desanimado. Novos projetos, segundo ele, virão. “A cegueira não é o fim”, disse ele.

Em um dos monitores à minha frente piscava uma contagem regressiva me avisando que em poucos segundos eu tinha que encerrar o programa, infelizmente.

Ao encerrar, fui abraçá-lo e agradecer por ter a oportunidade de entrevistá-lo.

Satisfação e aprendizado são as palavras para quem faz rádio e entrevistas.

Obrigado, Assis Ângelo. Você é o cara!

 

Por Carlos Sílvio, apresentador do programa Paiaiá na Conectados

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